terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aveiro-city, a Trilogia (III- A Ira de Verónica)

(o título deve ser lido com voz profunda e grave, "Oceano Pacífico" like, preferencialmente em brasileiro...)


Cá estamos de novo! Nesta última parte da nossa aventura, chegou finalmente o grande dia!... Lembram-se, ainda no início, de revelarmos que o objectivo da viagem era ver a Gutman? Pois é, minha gente... Ou melhor, era, minha gente! Afinal, não foi...

Depois de vir do concerto, eu e a Catarina estávamos indecisos quanto ao que fazer na manhã seguinte... Ir cedo para Lisboa, ficar a dormir, almoçar por Aveiro? Toldados pela insistente dúvida, fomos beber chá... Eis que (senão quando!?) o JP nos resolveu de imediato o problema:
"Podem vir ver o meu ensaio amanhã...!...?"!
Agora pensem... De um lado, o nosso regresso à civilização, inspirados e felizes, depois de ver um magnífico concerto! Do outro, o ensaio de cena do rei Xerxes, devidamente acompanhado pelas suas várias donzelas, todos apoiados por uma grande orquestra (à) portuguesa... Obviamente, fomos ao ensaio...

E valeu a pena! ;)


Ainda o Sol não tinha quase nascido e já o JP fazia vocalizos em sonhos para preparar a voz... Como viemos a saber mais tarde, sonhou com recitativos secos... Ficámos igualmente a saber, de fonte segura, que, em dia de cantorias pela manhã, um rei de ópera que se preze vocaliza no banho! "É o melhor sítio"! Longe vão os tempos em que, no recato do duche, se cantava Quim Barreiros ou Tony Carreira. Ao que parece, os mestres da técnica moderna insistem que o correr da água pelos ombros, junto com a sobreposição ascendente de arpejos perfeitos Maiores, faz maravilhas pelas cordas vocais!

Antes de partir para o teatro, assistimos ainda a uma cena doméstica de rejeição, quando o JP recusou dar boleia à já para nós famosa Verónica. Perguntem-se porquê...? O JP afirma que "já estávamos atrasados"... Talvez sim, realmente já estávamos no carro, prontos a sair... Mas, cá para mim, havia no JP o receio de ficar de novo sem pequeno-almoço... No fim, não houve pequeno-almoço (não esqueçamos que todos os cantores iriam estar no ensaio, e, já atrasado, não havia outra hipótese senão "pequeno-almoçar" por lá...).

Eu e a Catarina ainda tivémos de esperar um pouco para poder entrar no teatro. O alto gabarito dos participantes exigia um ensaio à porta fechada. Enquanto isso, a nossa curiosidade ia sendo aguçada por tão importante evento, como por tais prestigiadas personagens. O maestro lá abriu uma excepção para nós e, quietinhos e caladinhos, muito bons meninos, lá nos fomos sentar na plateia, em silêncio escrupuloso.


O ensaio começou pela Abertura da ópera. A orquestra (a qual, por generosa cautela, não verá o seu nome por mim revelado) começou a tocar, sobre a direcção de um (ainda) calmo maestro. Provavelmente, cada naipe teria a sua versão em tonalidades diferentes... O efeito, inacreditavelmente fantástico!, foi parecido ao do naipe dos violinos de uma outra orquestra bem nossa conhecida, que anda por Lisboa a espalhar a magia das suas interpretações de Mozart. Desta vez, contudo, todo o grupo participava na brincadeira! O maestro, coitado, lá esbracejava como podia...

Eis que, acabado o sofrimento, o JP entrou em palco... E, logo a seguir...

...

...

... a Verónica! O seu papel era o de irmão do rei JP Xerxes... Vinha de azul, calças de ganga, ora claro!, para fazer de homem. A sua voz, como dizer...?, é especial... No entanto, ainda nenhum compositor fez um papel que lhe assente perfeitamente... É uma falha na História da Música que eu deixo aqui revelada. Ela bem se vai adaptando, aliás a sua auto-intitulada voz de soprano dramatico permite-lhe uma grande flexibilidade de papéis, bem como os seus exímios dotes para a representação (até faz de homem!)... Mas o ideal (e deixo aqui a ideia, sem copyright, para eventuais compositores interessados) era um papel de morta-viva! Aí sim, teríamos o seu brilhantismo clara e inequivocamente revelado!

Obviamente, eu e a Catarina estávamos caladíssimos, sem esboçar qualquer tipo de sorriso irónico ou leve gracejo, quanto mais uma gargalhada escondida... Não!... Nós apenas observávamos, como seria de esperar... Vá lá, falávamos um bocadinho, MUITO discretamente...

Nesse bocadinho, fomos inventando um pouco... À nossa frente, a encenadora e uma senhora vestida ao estilo "Ana Malhoa hightec", que depois viemos a saber ser a mulher do maestro, fofocavam animadamente, prestando sempre uma notória e preocupada atenção ao que se passava no palco. Uns senhores que passavam, moderadamente atarefados, tiveram logo historial definido. Basicamente, havia um que era o guarda-costas do rei Xerxes, mais um que era o especialista em artes marciais, enfim... Havia ainda o Valério, o cravista gay que se atirou com piropos ao King-Singer, mas que para nós podia ser qualquer um que se passeasse com ar de engate por aquele teatro...

Outro momento alto da manhã foi a entrada em cena da "princesa canja", a amada tanto do rei JP Xerxes, como do seu irmão "Verónica". Fora de cena, esta princesa não só era a melhor amiga de Verónica, como ainda partilhava dos seus talentosos dons de representação. Por causa deste bom número de mulheres em palco, e seguindo a tendência natural da música do nosso tempo, a Catarina idealizou, com a minha aprovação, que o primeiro disco do JP será intitulado "Jean-Pierre - baladas de amor". Mas para isto ele vai ter de rever alguma da sua técnica vocal, porque "é muito bicudo", segundo a professora da masterclass... As baladas de amor requerem talvez um pouco mais de arredondamento...

Com tanta boa disposição, ainda houve tempo para um dos violinistas mandar uma piada que não ouvimos, possivelmente sobre a sua forma de tocar o instrumento que tinha em mãos... Foi prontamente apelidado de Perlman! Um outro que praticou um solo virtuoso no intervalo de descanso foi intitulado o Paganini de serviço! Pena é que só soubesse mesmo fazer solos virtuosos, a parte de orquestra, essa, é que era pior...

E logo acabou o ensaio... A Verónica, possivelmente impulsionada pela sua assaz brilhante prestação, veio logo a correr, gritando ao longe "João Pedro! João Pedro!", para pedir boleia. É claro que ele aceitou, com alguma ajuda... No entanto, coitada, foi almoçar sozinha, porque nós "temos que ir fazer as malas, e tal,... tchau". Acabámos por ter mesmo de ir à cantina do campus, sentar-nos na mesa dos cantores, mas não foi trágico. Pelo menos não tão trágico como comer o "arroz de cenas" que nos foi servido...

A tarde foi passada a tentar perceber em que comboio vínhamos, por motivos variados... Já nele, tivemos a ideia de criar este blog! Digam lá que não vínhamos inspirados? ;P

(end of story)!

Duarte

7 comentários:

Unknown disse...

BRAVO! chorei a rir. espero é q corrijas a questão do valério: tadito do rapaz, para além de não ser cravista também não é gay!
infelizmente depois destes posts n cnsg encpntrar peripécias ao nível destas!!

abcs e bjs

atchim

Duarte (Soneca) disse...

A pedido de Mnsr. Atchim, venho aqui notar o facto de, pelos vistos, o verdadeiro Valério não ser gay. Peço desculpa, a ele e a alguma(s) eventual(is) namorada(s) (isto de ser cravista deve dar algum proveito...).

Adiante, de notar que, para a dupla observadora, qualquer pessoa que aparentasse um movimento suspeito era, sem escrúpulo nem demora, denominada de Valério.

De notar ainda que, embora algumas das observações desta dupla possam parecer inapropriadas e até estúpidas fora de contexto, estes dois estavam sobre o efeito de alucinações derivadas do "magnífico" ensaio a que estavam ser sujeitos, ainda que voluntariamente. Peço a Vossa compreensão.

Obrigado ;P

Soneca

Catarina disse...

FINALMENTE!!!
Estava com medo que te esquecesses da "Ana Malhoa hightec", ainda bem que te lembraste!
Em relação não só a este post, mas à Trilogia: Bravo, Duartinho!
Deixa-me apenas sugerir, para que o relato fique completo, que percas um minutinho do teu tempo a digitalizar o retrato (fidedigno!!) da Verónica a cantar - foste tu que ficaste com isso, não foste?
JP: "bjs" ao Dudas?! Eu sei que estás à espera de um "nenem", mas por favor, menos demonstrações de carinho públicas!
Dudas: vê se atendes o telemóvel!!! Estou há dias a tentar ligar-te!
Bjs e abcs a alguns,

Feliz (Esturrado)

PhilippeMarques disse...

Sem dúvida que vou querer ouvir o título com voz de "Oceano Pacífico". Tragam a Verónica para o pronunciar, estou curioso!

O 7eto está sempre no seu melhor, não haja dúvida! E sim, é de louvar a imensa imaginação que demonstraram possuir na viagem de comboio para Lisboa, que acabou por findar na criação deste magnífico Blog! Bravíssimo, colegas!

Bjnhos e abraços segundo a correcta distribuição, já que ainda pairam dúvidas para estes lados (não é JP?).

Dengoso

Catarina disse...

Ainda ao Dudas: "EHH, Paganini!!!"
XD

Duarte disse...

Vou tentar fazer o scanner quando chegar a Lisboa!

À Cat: Às vezes o número desconhecido torna-se chatinho, porque eu não posso ligar de volta... XD
Miss-comunications....

Unknown disse...

eu n tenho duvidas! sou mt macho, mas estou à espera de um filho do dudas, mais nada...