terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A magnífica passagem d'ano no Porto e o seu surreal e hediondo poslúdio - II

Retomemos, então, a nossa aventura.
.
Chegados a casa, fez-se o jantar enquanto se punha a mesa e se ouvia Laryssa no youtube - talvez por isso, analisando bem, se tenha feito jantar a mais, que veio a sobrar...
Depois de bem comidos - pelo menos assim o espero... - e bem bebidos, instalámo-nos no sofá a ver televisão, esperando pela meia-noite. Tão agradável era a todos a companhia, que quando começou o counting-down ainda estávamos calmamente repimpados no sofá. Toca de dar um pulo para conseguir rasgar a tempo os cuidadosos embrulhos de doze passas que tão simpaticamente foram feitos pela mãe do Atchim, toca de tentar abrir o espumante, toca de jogar as passas à boca, cada um à sua maneira, toca de encher os copos e brindar. O Soneca foi a correr vomitar a passaria que lhe tinha entrado pela boca dentro. A Feliz fazia das passas comprimidos ao engoli-las com o espumante, sem as mastigar, na náusea que a fruta - menos a maçã verde, diga-se - lhe traz; e meia hora depois ainda tentava engolir mais umas quantas. Eu enfiei as passas todas de uma vez e fiquei muito surpreendido ao reparar que eram passas a sério - com grainhas! Como o Atchim comeu as passas não reparei; talvez normalissimamente, já que nem se deu por isso.
.
Feita a nossa entrada em 2010, estava na hora de chamar um táxi que nos levasse até aos Aliados, para ver o que restava do espectáculo do Emanuel e os fogos-de-artifício. Eram duas e tal e nós à espera que houvesse táxis vagos. Entretanto, e como nunca mais se conseguia arranjar nenhum - e com os coleguinhas orquestrais da Feliz a desafiá-la para umas bezanas - pusémo-nos a ver vídeos no youtube. As famosas cenas da Disney dobradas em brasileiro de beco: Cindêrèlla, drôgàda e prôstxitùtá, Poucárrôupá, eu sô p__a, o qué qui têim?, e outros mais. O Atchim, sempre na senda do ensino e luta contra o analfabetismo, mostrou-nos o vídeo de onde saiu a mais famosa frase desta estadia: "Ái qui sústo!". Um inesquecível excerto de um programa brasileiro que trata assuntos da intimidade dos casais e um verdadeiro manual ilustrado, demonstrado e vivo do "faça por você mesmo, com o nosso auxílio". "Bêim lambuzádjinhô!". O melhor será não nos determos mais sobre este assunto, não vá destruir o carácter sério da presente narração.
.
Finalmente conseguimos chamar um táxi até à Foz, e lá foi a Troupe para a Avenida dos Aliados. Escusado será dizer que, quando lá chegámos, do Emanuel já só havia a barraca e da festa a garrafaria no chão aos ponta-pés. Toneladas de bêbedos e o chão todo lambuzado. Fartámo-nos de andar para cima e para baixo, debaixo de chuva intermitente, para que o Atchim pudesse cumprimentar uma sua amiga e, por fim, lá decidimos subir a Avenida de vez, rumo à Cedofeita. Ao cimo dos Aliados, Ái qui sústo!, rebentou um último morteiro que devia ter estado à nossa espera, mas que nos fez quase atirar ao chão. Chegados à Praça da República, não sei a que propósito, lembrámo-nos da nossa querida Maddie. Se não fosse tão longe tínhamos ido bater-lhe à porta para participarmos na sua rave. Certamente estava vestida de vermelho, com uma faixa e uma pluma na cabeça, quais loucos anos 20, com um colar de contas até aos joelhos, uma cigarrilha espetada numa boquilha de metro e meio numa mão e uma garrafa na outra, já mais para lá do que para cá, e com vontade de tocar uns hits do Emanuel no seu instrumento.
Descemos então a Álvares Cabral e demos com o barzeco onde estava a malta da MP a beber e a fazer mais não se sabe o quê, pois só a Feliz entrou para os cumprimentar e para tentar dissipar aquele epíteto de "anti-súci"; pobre Feliz, não lhe bastava o de "sole-mio", ainda lhe foram arranjar mais aquele; não há direito! Saída do antro, cuja entrada eram uns valentes 10 euros, voltámos à Praça e apanhámos um táxi para casa.
.
De regresso ao lar, com mais umas quantas parvoíces no sofá, decidimo-nos, por fim, a ir dormir, por respeito à nossa Feliz que deveria levantar-se bem cedo para começar, logo pela manhã, a bulir nos últimos ensaios para o esperado concerto.
.
E lá se passou a noite, entre apitos do autoclismo, vento a assobiar nas persianas, passos nos andares de cima e outro barulhos que não cheguei a identificar.
.
[Continuaremos com a manhã (tarde) seguinte numa próxima oportunidade]
Mestre

3 comentários:

Teresa Zangado disse...

Não estou a conseguir pôr linhas de entremeio... alguma ajuda?

Mestre

Soneca disse...

Bem, acho que está óptimo assim! Os pontinhos dão um certo élan ;)

Brincadeiras no sofá? Deus meu... Quanto aos barulhos, não dei por nada, nessa noite, claro...

BRAVO! Cada vez melhor!
Iremos para a parte hedionda!!!

Zangado disse...

Posso saber porque o barao escreveu e pos o meu nome?? Que inteligencia.
Já que a vossa passagem de ano foi muito atriulada, especialmnete na viagem.